segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Um Estado à margem do Estado?

Ao dar a notícia de que o novo aeroporto complementar do aeroporto de Lisboa vai ficar na atual base aérea do Montijo, o Expresso/Economia informa que só falta fixar a "indemnização à Força Aérea", que estima em cerca de 400 milhões de euros.
A gente lê isto e não acredita! Eu julgava que as instalações das forças armadas são património do Estado, de que o Governo pode dispor de acordo com o melhor interesse do País. Se a Força Aérea não puder continuar a compartilhar a utilização da pista do Montijo com a aviação civil e se não pode mesmo prescindir de uma nova base aérea na mesma região do País, cabe ao Governo disponibilizar e equipar outra (seja em Alverca, na Ota ou em Santa Margarida). O que não faz sentido é uma "indemnização" à própria Força Aérea pelo alegado valor da base.
As forças armadas não constituem uma "ordem" separada do poder civil, como se estivéssemos na Idade Média, com direito cativo ao seu património. Este foi-lhe atribuído pelo Estado e permanece sob sua plena jurisdição, podendo ser retomado pelo Estado para outros usos. A Força Aérea não é nem pode ser um Estado à margem do Estado, com independência patrimonial e orçamento separado do Orçamento do Estado.
Era conveniente que o Governo esclarecesse publicamente esta questão.