quarta-feira, 6 de julho de 2016

Promover Direitos Humanos quando os estamos a violar?

"Outras colegas falaram da alegria de termos hoje connosco os activistas azerbaijanis Yunus. Eu também poderia falar da utilidade da resolução aprovada pelo PE para expressar solidariedade e pressionar a libertação dos jovens "revús" em Angola, finalmente ocorrida na semana passada.
Mas apesar da nossa acção aqui no PE e dos instrumentos políticos aprovados pelo Conselho, como o Plano de Acção para os Direitos Humanos e Democracia renovado em 2015, passamos na UE a um nível intolerável de contradição e cinismo, a pretexto de responder ao afluxo de refugiados e migrantes.
A desastrosa política de acordos de parceria com países terceiros empreendida pelo Conselho para supostamente responder aos fluxos migratórios pretende utilizar os instrumentos de Desenvolvimento para pagar a regimes corruptos e opressivos fabricantes de refugiados e migrantes. Como me perguntavam recentemente em Africa: "Vão pagar aos tiranos para dispararem sobre nós, para nos impedir de fugir à tirania?"
É já suficientemente trágico ver a Europa pedir a países mais pobres que mantenham as portas abertas a refugiados, enquanto Estados Membros recusam, atacam e prendem refugiados - como acontece hoje na Hungria e nos "hotspots" na Grécia.
Teremos cara - Sra. Mogherini, Sr. Lambrinidis, eu própria, nós aqui no PE, os nossos governos - para promover os direitos humanos, enquanto prosseguirmos nesta linha de violação dos direitos humanos dos refugiados e migrantes? Tão mau como destruirmos a UE, é que descredibilizamos o próprio combate pelos Direitos Humanos".

Intervenção que fiz esta tarde no plenário do PE no debate sobre o Relatório Anual sobre Direitos Humanos e Democracia