segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Voltar ao mesmo (2)



1. Eis um fenómeno para o qual já tinha aqui alertado anteriormente. A inflação do crédito ao consumo não traz somente mais endividamento das famílias; também aumenta o endividamento externo da economia portuguesa (pois os bancos financiam-se lá fora, por causa da insuficiente poupança doméstica) e pressiona as importações de bens de consumo (viagens, automóveis, eletrodomésticos, etc.).
Era bom não repetir a "desbunda" do crédito ao consumo nos 10 anos que precederam a crise financeira, cujos efeitos ainda estão connosco.

2. Há quem pense que o "fim da austeridade" pode aliviar a pressão sobre o crédito ao consumo, dado que as pessoas passam a ter mais rendimento disponível. Penso o contrário: o aumento do rendimento pode trazer mais margem para endividamento.
Esperemos o pior se não houver um travão ao crédito ao consumo.

Adenda
O aumento do imposto de selo  é uma boa medida para travar os excessos do crédito ao consumo, tornado-o mais caro, equivalendo a um aumento seletivo da taxa de juro. Falta um travão idêntico para o crédito à compra de habitação, que também voltou a crescer desproporcionadamente.