sábado, 4 de julho de 2015

O mal e a caramunha

Ontem o chefe do Governo grego foi citado como tendo dito o seguinte sobre o relatório do FMI:

Ora, o que o relatório diz é exatamente o contrário.
Primeiro, diz que se o programa de resgate de 2012 tivesse sido implementado, a Grécia não precisaria de nenhum "alívio" (reestruturação) na sua dívida:
If the program had been implemented as assumed, no further debt relief would have been needed under the agreed November 2012 framework.

Segundo, o relatório culpa diretamente o Governo Syriza da atual crise financeira no País e da necessidade de um terceiro resgate substancial:
However, very significant changes in policies and in the outlook since early this year have resulted in a substantial increase in financing needs. Altogether, under the package proposed by the institutions to the Greek authorities, these needs are projected to reach about €50 billion from October 2015 to end 2018, requiring new European money of at least €36 billion over the three-year period

Terceiro, o FMI acrescenta que se fossem tomadas as medidas recomendadas na última revisão do programa agora terminado, a dívida grega não se tornaria insustentável:
If the program were implemented as specified at the last review, debt servicing would have been within the recommended threshold of 15 percent of GDP on average during 2016–45 . This would require primary surpluses of 4+ percent of GDP per year and decisive and full implementation of structural reforms that delivers steady state growth of 2 percent per year (with the best productivity growth in the euro area) and privatization.

Já sabíamos da difícil relação de Tsipras com os factos. Mas a rotunda falsificação do relatório do FMI em proveito da sua agenda politica interna, mentindo descaradamente aos eleitores, ultrapassa todas as medidas. O Governo Syriza fez tudo para tornar a divida insustentável e agora invoca a insustentabilidade autoprovocada para reclamar a reestruturação da dúvida. Os contribuintes dos demais países da União que paguem os irresponsáveis desmandos do Syriza.