segunda-feira, 6 de abril de 2015

For the record

Já há várias semanas deixei aqui expressas as minhas dúvidas pessoais sobre um eventual apoio do PS à candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa, que parece cada vez mais provável.
Das duas reservas que estão suscitei -- discurso político próximo das esquerdas radicais e visão intervencionista do cargo presidencial --, considero mais grave a segunda. Um Presidente da República que não assuma como axioma político que entre nós as eleições presidenciais não servem para decidir as políticas públicas -- mas sim para eleger o árbitro do jogo político -- e que quem tem legitimidade para conduzir a política geral do país são os governos saídos das eleições parlamentares pode ser uma fonte de conflitos e de instabilidade política.
O que menos precisamos em Belém é de um provável trouble maker institucional.

Adenda
Em alguns aspetos, como a ausência de ligações partidárias, o empolgamento e "missionarismo" discursivo e o flirt com forças à esquerda do PS, SN faz lembrar Maria de Lurdes Pintasilgo, sem ter porém a experiência política desta, que tinha sido primeira-ministra e gozava da correspondente visibilidade (o que de pouco lhe valeu na disputa presidencial de 1986 no confronto com Mário Soares e Salgado Zenha).