segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Visita ao Curdistão iraquiano - 23 - discussões com líderes cristãos

No último dia, visitamos o Arcebispo Warda, da Diocese Caldeia de Erbil, com quem discutimos a  deseperada situação das minorias no Iraque e especificamente no Curdistão (cristãs, mas também yazidis, shabbak, turcomanas, shiitas etc..), cruelmente perseguidas pelos salafistas do EI.
Todos os dirigentes cristãos que foram nossos interlocutores durante esta visita consideraram urgente a derrota militar dos terroristas e a reconquista de Mosul e do território iraquiano e sírio onde oprimem a população que ficou (incluindo a sunita, sujeita a impostos e extorsões, sem serviços básicos a funcionar, com o combustível a escassear e a preços exorbitantes).
Todos se interrogam porque europeus e americanos não fazem mais e melhor, inclusivé no apoio militar, para ajudar os peshmergas a progredir - mas não compreendem que aqui está a linha da frente do combate terrorismo que golpeou em Paris e golpeará noutras cidades europeias, se não for rapidamente derrotado aqui?
Todos pedem apoio humanitário urgente, ajuda à reconstrução a prazo e intenso apoio à reconciliação nacional e à governabilidade do "so called Iraq", como condições indispensáveis para que o Iraque não se despovoe de ancestrais comunidades. "Mais seis meses de ocupação terrorista e todos partirão, ninguém das minorias acredita ainda ter futuro no Iraque, ninguém terá qualquer esperança de poder voltar às suas casas e terras, que além de saqueadas, sabem estar a ser semeadas de bombas pelos terroristas...". Todos pedem apoio político, diplomático e outro para resgatar as jovens e crianças raptadas e para levar ao Tribunal Penal internacional os criminosos e seus mandantes.
Todos apontaram o dedo a ideólogos, financiadores,organizadores e instigadores sauditas, qataris e apoio logístico e não só turco aos jihadistas do chamado EI. A Europa não podia ser mais vigilante e contundente, política e diplomaticamente?
Todos - e em especial os líderes cristãos - condenaram e pediram que parassem os programas de alguns países europeus privilegiando a concessão de vistos a famílias cristãs. Além da discriminação inaceitável, isso contrariava os seus próprios esforços para preservar a presença dessas minorias no Iraque: "Estamos a lutar titânicamente por uma dupla sobrevivência nesta terra berço de civilizações: a das pessoas e a das culturas pré-islâmicas".