sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Reconhecer a independência do Kosovo - IV

Sugeri a quem me ligou que apurasse junto do Governo e Belém o que havia de repente mudado para a posição nacional ser agora revista.
Pelo meu lado, admito que a Geórgia tivesse pavlovianamente alterado os sentimentos primários de Belém, sobretudo tendo em conta que o PR em Nova Iorque, na semana passada, privilegiara subitamente contactos com líderes de países balcânicos.
Para mim, a cena do reconhecimento das “independências” da Ossétia do Sul e da Abkazia pela Russia só mostra que Moscovo não estava a falar a sério quando ameaçava com as penas do inferno para quem reconhecesse o «precedente» da independência do Kosovo. De facto, só confirma o que eu previ em Fevereiro passado: que os russos nunca seriam mais papistas que o Papa (a Sérvia) a espadeirar pelo Kosovo... Como se tem visto, a Sérvia agita-se perfunctoriamente no TIJ e na ONU, mas nada de lançar uma guerra contra Pristina (nem sequer os fornecimentos de energia eléctrica cortou), para não comprometer, inteligentemente, um futuro europeu para si e para os restantes estados balcãs, Kosovo incluído....
A verdade é que se quis retaliar efectivamente retaliar contra o «precedente» do Kosovo, Moscovo não fez mais mais do que dar tiros no seu próprio pé: abriu assim a “caixa de Pandora” dos separatismos internos que não lhe faltam....
Para mim, o pretexto do “perigoso precedente” também acenado a pretexto da Espanha, Grécia, Chipre e outros países europeus que tardam em reconhecer a independência do Kosovo, também se volta contra quem o invoca: eu, por exemplo, se fosse castelhana empenhava-me era em enfatizar as diferenças entre o Kosovo e o País Basco e a Catalunha e em arguir que o Kosovo não constitui precedente nenhum para essas regiões autónomas....