segunda-feira, 28 de junho de 2004

Opiniões sobre a crise política

1. 0 rato abandona o barco?
«Quem diria. Alguém que baseou uma campanha na «fuga» de Guterres, e que sempre prometeu não o fazer nunca. A queda do Zé Manel para «virar a casaca», volta a atacar. Agora quer a Comissão Europeia, até quando? Para futuro primeiro-ministro o Lopes? Só se for por anedota. Um governo de revistas cor-de-rosa? E os ministros? Lili Caneças? Paula Bobone? Zé Castelo Branco? Teresa Guilherme? Octávio Machado para o desporto? Será que aproveitando os seus vastos conhecimentos, vai convidar Machado de Assis para a cultura? E que lugar para Frèderic Chopin e o seu violino?
O governo de Barroso trouxe-nos para o fundo do «buraco». Um governo do Lopes, levar-nos-ia ao ridículo.»

(JAG)

2.«Tudo era falso»
«Essencialmente a arguentação tem de ser política e não jurídica. Juridicamente, desde que o Presidente da República nomei um Primeiro Ministro e o programa seja votado favoravelmente na Assembleia, está tudo bem e não há nada que justifique eleições. E na argumentação política é preciso mostrar a irresponsabilidade de ser eleito, passar dois anos a falar em sacrifícios e sair sem fazer nada do que se propôs. Aliás - na minha opinião -, isto é mais uma prova de que tudo eram falso, desde o discurso às intenções. Achei sempre que o PS não frisava isso como devia, mas a argumentação política do governo sempre foi de circunstância e sem convicção, dando justificações como se se estivesse a falar para crianças. Se houvesse uma convicção política ela ter-se-ia imposto à ambição mesquinha de ter um cargo internacional.
Julgo que o próprio PSD acabará por ter a noção do logro em que caiu quando acreditou em Durão Barroso, mas é preciso evidenciá-lo cada vez mais. Isto é a total irresponsabilidade para quem assume governar Portugal. Não tem comparação com Guterres. Aliás, Guterres estava a meio do segundo mandato e sentiu-se politicamente fragilizado pelos resultados das eleiçõesautárquicas, não estava com dois anos do primeiro e cheio de promessas por cumprir.
O próximo que vier (eventualmente Santana Lopes) é para ficar ou será até lhe aparecer outro cargo "melhor"?... O PSD tem de ter credibilidade se quer governar e esta saída tira-lhe essa credibilidade. Imaginemos que Santana Lopes forma governo com um programa. Será um programa novo. Temos o direito de perguntar: que validade tem esse programa?... E um programa para Portugal ou é até Santana Lopes ir para secretário de uma coisa qualquer?... Quando o presidente do PSD interrompe assim um projecto político, nós temos o direito de perguntar que partido é este.»

(HJ)