sábado, 21 de fevereiro de 2004

Dúvidas quanto à reforma territorial

«Tenho acompanhado com grande interesse os seus artigos sobre a criação das entidades territoriais supramunicipais. No entanto, ao contrário do Sr. Dr., que ainda espera que possam resultar, eu não estou nada optimista.
A grande maioria dos autarcas portugueses pertence à geração que encontrou os municípios nacionais num estado confrangedor no que respeita a tudo, principalmente nas infra-estruturas básicas. Nessa altura os autarcas não necessitavam de ser muito inteligentes, nem de possuírem visão, para saber o que tinha de ser feito e o caminho a seguir. Nos últimos 30 anos o trabalho das autarquias nas infra-estruturais é admirável, ofuscando por completo os pontos mais negativos da sua gestão, como é o caso do ordenamento territorial (Betão).
Hoje em dia, supridas as necessidades básicas o principal trabalho das autarquias é o de investir, de maneira a aumentar o potencial de atracção do seu município. Neste ponto entram em jogo questões delicadas de planeamento estratégico, e para as pessoas cujo trabalho de toda a sua vida foram as infra-estruturas básicas, perceber que para aumentar a capacidade de atracção não bastam infra-estruturas, é necessário mais qualquer coisa é uma dificuldade, como aliás o caso do queijo limiano bem demonstrou.
(...) Será que os autarcas que estão a desenhar as entidades territoriais supramunicipais, sabem o que está em jogo? As dezenas de câmara municipais que exigiram estações do TGV diz-me que não.»

(LB)